Efeitos da Gratidão na Avaliação de Emoções Positivas e Negativas
A gratidão é uma emoção positiva, social e moral que tem ganhado atenção por estar relacionada com a promoção do bem-estar e com estratégias de regulação emocional. Seu papel como emoção social e moral é de promover comportamentos benevolentes, impulsionando a pró-sociabilidade, tornando as pessoas mais otimistas, atentas, generosas, cuidadosas para com os outros. Contudo, ainda existem lacunas na literatura sobre como experienciar gratidão modula a experiência de outras emoções (positivas ou negativas). Objetivo geral: Investigar os efeitos da gratidão, em curto prazo, na percepção e julgamento de outras emoções, em comparação a outra emoção positiva (neste caso, a alegria). Método: Estudo com participantes de ambos os gêneros com idade a partir de 18 anos. Responderam presencialmente no SCNLab através de um survey o Questionário de Gratidão (QG-6) e foram alocados em um dos três diferentes condições experimentais (gratidão, alegria e neutro) onde realizaram uma Tarefa de Memória Autobiográfica a respeito das respectivas emoções. Para investigar possíveis diferenças nos afetos dos participantes, foram utilizadas a Escala de Afetos Positivos e Negativos (PANAS), avaliada em três momentos, as Vinhetas Verbais Emocionais em conjunto com o Self-Assessment Manikins (SAM) para classificarem níveis de intensidade e valência do estímulo emocional apresentado. Resultados: A amostra final foi composta por 111 participantes, 92 mulheres (82,88%), 19 homens (17,11%), com idade média de 21.7 anos (DP = 3.43) e majoritariamente cursando ensino superior (68,5%). As condições experimentais não afetaram significativamente os escores de gratidão do QG-6 (𝐹(2,108) = 0.46, p = 0.631), nem os afetos positivos e negativos conforme medidos pelo PANAS em diferentes momentos do experimento, ou seja, a interação entre tempo e afeto não foi significativa (𝐹 (2,34) = 0.288, p = 0.750). Embora os participantes na condição de gratidão tenham usado mais palavras para descrever seus relatos quando comparados às outras condições (𝐹(2,108) = 29,23, p < 0,001), não houve impacto significativo nas respostas às vinhetas em termos de precisão (𝐹(16,204) = 0.65, p = 0.834) e intensidade (𝐹(16, 204) = 1,18, p = 0,279). Conclusão: O estudo tentou replicar resultados anteriores do mesmo laboratório, mas não encontrou os mesmos efeitos na avaliação da intensidade das vinhetas emocionais. Mudanças na metodologia e diferenças individuais não controladas entre as amostras dos participantes podem ter contribuído para esses resultados. Esses achados destacam a importância das replicações neste campo de estudo e o potencial para investigações futuras na análise textual de relatos emocionais.
EQUIPE
BEATRIZ DE SOUZA
Mestranda e líder do projeto
PAULO BOGGIO
Orientador
SOFIA PICOLO
Iniciação Científica